quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

CRÔNICAS

Um senhor de 70 anos viajava de trem tendo ao seu lado um jovem universitário, que lia o seu livro de ciências. O senhor, por sua vez, lia um livro de capa preta. Foi quando o jovem percebeu que se tratava da Bíblia, e estava aberta no livro de Marcos. Sem muita cerimônia o jovem interrompeu a leitura do velho e perguntou:

- O senhor ainda acredita neste livro cheio de fábulas e crendices?

- Sim. Mas não é um livro de crendices é a Palavra de Deus. Estou errado?

- Claro que está! Creio que o senhor deveria estudar a história geral. Veria que a Revolução Francesa, ocorrida há mais de 100 anos, mostrou a miopia da religião. Somente pessoas sem cultura ainda crêem que Deus criou o mundo em seis dias. O senhor deveria conhecer um pouco mais sobre o que os cientistas dizem sobre isso.

- É mesmo? E o que dizem os cientistas sobre a Bíblia?

- Bem, respondeu o universitário, vou descer na próxima estação, mas deixe o seu cartão que eu lhe enviarei o material pelo correio.

O velho então, cuidadosamente, abriu o bolso interno do paletó, e deu o cartão ao universitário. Quando o jovem leu o que estava escrito saiu cabisbaixo se sentindo pior que uma ameba. O cartão dizia:

"Louis Pasteur, Diretor do Instituto de Pesquisas Científicas da École Normale de Paris".

Livro indicado




O delírio de Dawkins
AUTOR: Alister McGrath - Joanna McGrath
EDITORA: Mundo Cristão
ISBN:

Considerado o ícone do ateísmo contemporâneo, Richard Dawkins, autor de Deus,um delírio, tem suas idéias postas à prova pela análise minuciosa e perspicaz de Alister McGrath e sua esposa Joanna McGrath , em O delírio de Dawkins.

Alister, outrora ateu, doutorou-se em biofísica molecular antes de tornar-se teólogo. Admirador da obra de Dawkins, Alister revela sua perplexidade pela guinada irracional de seu colega de Oxford, não tanto pelo ateísmo em si, mas pela absoluta inconsistência de seus argumentos, aliados à intolerância desmedida.

Ao discutir os pressupostos de Dawkins, os autores trazem à tona questões fundamentais dos tempos pós-modernos ― fé, coexistência de religião e ciência, liberdade de crença, o sentido da vida e a busca de significado ― que, a julgar pela repercussão de Deus, um delírio, merecem contundente posicionamento cristão.


"Alister McGrath (Universidade de Oxford) analisa as conclusões do livro Deus, um delírio e desmantela o argumento de que a ciência deve levar ao ateísmo. McGrath demonstra como Richard Dawkins abandonou sua usual racionalidade para abraçar o amargo e dogmático manifesto do ateísmo fundamentalista."
— Francis Collins, Diretor do Projeto Genoma

"Os autores de O delírio de Dawkins atacam o flanco do fundamentalismo ateísta de Dawkins e conseguem afastá-lo do campo de batalha."
— Publishers Weekly

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PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA

Nas primeiras páginas de Deus, um delírio, Richard Dawkins declara seu objetivo proselitista. Ele pretende persuadir os leitores religiosos a abandonarem a idéia da existência de Deus em favor de uma cosmovisão mais sensata. Aparentemente pretende também consolidar e fortalecer a confiança daqueles que já duvidam do sobrenatural, alistando-os para militarem numa campanha mundial contra a religião.

Nesta intencionalidade ideológica reside o que há de novo no discurso ateísta de Dawkins e de outros escritores que – face ao ambiente mundial em que as religiões ganham cada vez mais adeptos – agora partem para a ofensiva. Não é suficiente argumentar que a ciência não descobriu nenhum indício sobre a existência de qualquer realidade que não seja a natural. Agora é necessário afirmar que a ciência é a única ferramenta adequada para observar a realidade e que qualquer sistema metafísico ou religioso é terminantemente pernicioso e deve ser abolido da sociedade.

Vale a pena combater este ponto de vista? O jovem escritor cristão Donald Miller diz que “[m]eu mais recente esforço de fé não é do tipo intelectual. Eu realmente não faço mais isso. Mais cedo ou mais tarde você simplesmente descobre que há alguns caras que não acreditam em Deus e podem provar que ele não existe e alguns outros caras que acreditam em Deus e podem provar que ele existe – e a esse ponto a discussão já deixou há muito de ser sobre Deus e passou a ser sobre quem é mais inteligente; honestamente, não estou interessado nisso” (Como os pingüins me ajudaram a entender Deus, Thomas Nelson Brasil, 2007).

Na introdução ao presente volume, Alister e Joanna McGrath discordam da passividade deste posicionamento. A agressividade antireligiosa não apenas de Dawkins, mas também de Sam Harris, Daniel Dennett, Christopher Hitchens e demais profetas do ateísmo merece uma resposta a altura, sobretudo daqueles que estão convictos de que a ciência não é tudo nem suficiente.

Alister McGrath, autor de obra anterior questionando os postulados de Dawkins (Dawkins’ God, Blackwell, 2004), é professor de história da teologia na universidade de Oxford. Sua esposa Joanna Collicut McGrath é professora de psicologia da religião na universidade de Londres. Juntos, decidiram desafiar as conclusões de Dawkins, que consideram levianas, infundadas e irresponsáveis. Em O delírio de Dawkins, concentram-se nos principais argumentos expostos em Deus, um delírio, e procuram desconstruir cabalmente as estruturas lógicas e paradigmais que fundamentam as alegações de Richard Dawkins.

Embora a população de ateus no Brasil seja pequena e geralmente restrita às faixas demográficas mais intelectualizadas e bem abastecidas, uma das fatias populacionais que mais cresce no país é composta de pessoas que se declaram “sem-religião” (IBGE, Censo Demográfico 2000). Para elas, assim também para os religiosos, a existência ou não de Deus não é mera questão intelectual. A maneira como cada pessoa responde esta pergunta – e subseqüentemente reestrutura sua cosmovisão – afeta sua individualidade e nossas sociedades. Não há questão mais importante. Esperamos que o lançamento de O delírio de Dawkins sirva para alimentar e aprofundar o debate.